Reformulação do Sistema de Transporte Público em SP e a Redução de Linhas

A reformulação do sistema de transporte público, prevista em edital publicado no final de abril, prevê a eliminação de 146 linhas de ônibus e de 646 veículos atualmente em operação, na cidade de São Paulo.

O secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Octaviano Machado, defende que, apesar da redução no número de linhas, haverá ampliação da quantidade de assentos na frota, além do aumento da velocidade nos corredores.

Para ter acesso às principais mudanças nas linhas, acesse o site da SPTrans, aqui.

A organização Observa SP realizou um levantamento sobre os principais impactos nos bairros, destacando o possível aumento de baldeações necessárias. Além disso, ressalta que os corredores de ônibus são poucos e mal distribuídos entre as regiões, dificultando a promissora melhoria na qualidade do serviço. Para acessar o estudo, clique aqui.

É o que também afirma Raquel Rolnik, arquiteta e urbanista, professora da USP. Segundo ela, o edital “não vai dar conta de cumprir com a promessa de maior fluidez e redução no tempo de viagem” justamente porque não foi prevista a viabilização de novos corredores exclusivos.

Raquel aponta para inúmeras motivações que levaram ao atual cenário, a começar pelas manifestações de 2013, incluindo os contratos de 20 anos de prestação de serviços pelas concessionárias.

Caso tenha interesse em ler na íntegra a análise de Raquel Rolnik, acesse a publicação.

Essa decisão da prefeitura parece caminhar contra as prerrogativas da Mobilidade Sustentável, que busca por políticas ambientais e urbanas, capazes de reduzir o aumento da motorização individual (automóveis e motocicletas) nas grandes cidades, como instituído pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, Lei Federal nº 12.587 de 2012.

A redução no número de linhas e o consequente aumento nas baldeações podem acarretar mais veículos nas ruas. É preciso incentivar o acesso ao transporte público, facilitando o uso, o que reduz, portanto, o trânsito e a poluição urbana.

O lado positivo é que o edital também prevê a mitigação na emissão de poluentes. A concessionária vencedora deverá reduzir a emissão de dióxido de carbono em pelo menos 50%, de material particulado em 90% e de óxido de nitrogênio em 80%.